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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Alucinação e delírio são a mesma coisa?

Um padrão comportamental ou psicológico mal adaptado pode ocorrer como uma experiência na qual a noção da realidade é distorcida ou não. Quando a realidade é experimentada de forma distorcida, trata-se de psicose. Diferentemente, quando o padrão mal adaptado não representa uma distorção da realidade, trata-se de uma neurose. Justamente porque o contato da pessoa […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 21h57 - Publicado em 20 Maio 2014, 14h33

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Um padrão comportamental ou psicológico mal adaptado pode ocorrer como uma experiência na qual a noção da realidade é distorcida ou não. Quando a realidade é experimentada de forma distorcida, trata-se de psicose. Diferentemente, quando o padrão mal adaptado não representa uma distorção da realidade, trata-se de uma neurose. Justamente porque o contato da pessoa com a realidade ocorre de forma distorcida, alucinação e delírio são vivências psicóticas. Como distinguir uma do outro?

Alucinações são experiências sensoriais reais baseadas em objetos/fenômenos irreais. Uma alucinação ocorre necessariamente como uma experiência do aparelho sensorial em quaisquer de suas modalidades (visão, audição, gustação, olfato, tato e, potencialmente, outras modalidades mais sutis – como propriocepção e quimiorrecepção). Se alguém ouve uma voz (ou qualquer outro som) numa sala na qual as demais pessoas não a ouvem trata-se de uma alucinação auditiva. Quando se vê algo que não é visto por mais ninguém trata-se de uma alucinação visual. E assim funciona em relação a todas as modalidades sensoriais. Em qualquer caso, se a experiência sensorial não tem correspondência com a realidade, uma alucinação é o que está acontecendo.

Delírios, por sua vez, não ocorrem vinculados ao aparelho sensorial. Eles são juízos falsos da realidade que aparecem como ideias ou crenças distorcidas. Esses juízos são bastante pessoais e não encontram correspondência do ponto de vista de terceiros. Podem ter temas de fundo variados: perseguição, grandeza, problemas de saúde etc. Alguém que afirme estar sendo perseguido pela NASA por possuir uma fórmula secreta está delirando. Algo interessante é que há muitos casos de delírios nos quais a ideia ou a crença distorcida são factíveis sem que haja, porém, uma base sólida que ateste aquele juízo. Um exemplo disso é alguém dizer que seu irmão está sendo mantido refém na própria casa (evento factível) sem que haja qualquer elemento da realidade que lhe permita fazer tal afirmação. Nesses casos a checagem da realidade invariavelmente derruba a crença (por isso mesmo) delirante.

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Aglutinando os dois conceitos num único tipo de exemplo, podemos dizer que alguém achar que motoristas de fuscas azuis são agentes secretos a sua procura é um caso de delírio ao passo que ver um fusca azul que não existe é um caso de alucinação.

Alucinações e delírios podem ser produtos de um transtorno mental primário como a esquizofrenia ou algumas formas de transtorno afetivo bipolar. Se não for o caso, podem ser devidos a uma condição médica geral (epilepsia, quadros infecciosos, traumatismos…) e/ou à ação de substâncias químicas que atuem no sistema nervoso (medicamentos ou drogas). Identificar o tipo de experiência psicótica é essencial para que o tratamento seja adequado e alcance sucesso.

Se desconfiar que alguém próximo de você (ou você mesmo) esteja experimentando vivências psicóticas, é importante procurar a ajuda de um psiquiatra ou de um psicólogo. Embora seja natural sentir medo de admitir que algo esteja errado, é importante enfrentá-lo e não adiar a busca de apoio profissional competente a fim de evitar as consequências devastadoras que as psicoses produzem.

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