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Rodrigo Pandolfo, ator, diretor e paulistano da vez: “faz todo o sentido morar em São Paulo nesse momento”

Rodrigo Pandolfo tem 30, quase 31 anos. O próximo aniversário, no final de julho, será comemorado em São Paulo. Não só porque está em cartaz na cidade com o espetáculo “Galileu, Galilei”. Há dois meses, ele montou casa por aqui, em Pinheiros. A transferência de endereço dialoga com os próximos projetos profissionais e, principalmente, com […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 15h44 - Publicado em 3 jul 2015, 09h06
Rodrigo Pandolfo: casa montada em São Paulo

Rodrigo Pandolfo: casa montada em São Paulo, depois de quinze anos no Rio

Rodrigo Pandolfo tem 30, quase 31 anos. O próximo aniversário, no final de julho, será comemorado em São Paulo. Não só porque está em cartaz na cidade com o espetáculo “Galileu, Galilei”. Há dois meses, ele montou casa por aqui, em Pinheiros. A transferência de endereço dialoga com os próximos projetos profissionais e, principalmente, com caminhos que pretende trilhar daqui para frente. Rodrigo Pandolfo é um gaúcho criado no Mato Grosso que, aos 15 anos, se mudou para o Rio de Janeiro com a convicção de que lá se transformaria em ator. Deu muito certo. Ganhou prestígio com os espetáculos “Cine-Teatro Limite”, “O Despertar da Primavera” e “R&J – Juventude Interrompida”, relativa fama com as novelas “Cheias de Charme” e “Geração Brasil” e, acima de tudo, bagagem. Prova disso é que o cara acaba de estrear como diretor teatral na comédia “A Moça da Cidade”, que poderá ser vista na Caixa Cultural da Sé a partir da sexta (10). E, na quarta, dia 1º, ele tinha um casamento para ir. Enquanto esperava a carona, batemos um bom papo.

Não pareceu um pouco cedo para estrear na direção?

Eu sempre procurei uma visão de diretor em meus trabalhos, entende? Busco um distanciamento em relação à cena, ao conjunto. Logo que entrei na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) para estudar teatro, fui assistente de direção do João Fonseca em “As Bruxas de Salém”. Depois, em uma montagem profissional, voltei a ser assistente dele. Logo, a ideia de dirigir sempre existiu na minha cabeça, mas foi engavetada porque muitos trabalhos de ator apareceram.

+ Leia perfil de Jarbas Homem de Mello.

Como foi o processo de “A Moça da Cidade”?

A Lu Camy, protagonista de “A Moça da Cidade”, me apresentou o texto. Era um monólogo da Ambrosina, a personagem principal, todo narrado em terceira pessoa. A Lu pensou em mim para interpretar os outros personagens que circulam ao seu redor. Então, me deu a vontade de dirigir, ela gostou da ideia e chamamos outros amigos. É um projeto pequeno, sem maiores pretensões, porque assim eu me senti mais seguro.

Pergunta boba, mas enfim… Ficou satisfeito com o resultado?

A peça foi além das minhas expectativas. Tive bons retornos de amigos, da crítica, o público gosta. Fiquei em estado de plenitude. Claro que a gente sempre mexe em alguma coisa, rolam ajustes o tempo inteiro, mas isso faz parte da carreira de um espetáculo.

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"A Moça da Cidade": sessões na Caixa Cultural da Sé (Foto: Renato Mangolin)

“A Moça da Cidade”: sessões gratuitas na Caixa Cultural da Sé (Foto: Renato Mangolin)

O fato de ser ator facilitou na hora de dirigir?

Na minha pouca experiência, eu ouso dizer que só foi positivo. Existe um entendimento na carne. O ator sabe a distância entre a ideia e ação, então tem noção do quanto pode pedir para os outros. A resposta do ator nem sempre é imediata. Cada um tem seu tempo. O que mais aprendi nos dois meses de ensaios foi como funciona esse processo psicológico, percebi melhor o lado de cada um.

Você e a personagem principal de “A Moça da Cidade” têm em comum a persistência em torno do sonho de viver no Rio de Janeiro. Isso pesou de alguma forma em relação ao encantamento com o texto?

A Lu Camy é do Mato Grosso do Sul. Assim como a personagem, somos jovens que um dia chegaram a uma cidade grande. É preciso ter um foco acima de tudo, uma verdadeira obstinação. E não dá para ser feliz se não embarcar de frente nesse objetivo. Eu comecei na música ainda criança, tocando teclado. E, depois, fui para o teatro. Então, deve ter rolado essa identificação, mas nunca existiu o sonho de morar especificamente no Rio de Janeiro. Eu queria mudar para uma cidade onde pudesse trabalhar com arte, encontrar possibilidade de exercer meu potencial. Tanto que o Rio de Janeiro foi minha sede por quinze anos e, agora, estou em São Paulo. Trouxe tudo para cá, montei casa…

+ Leia entrevista com a dramaturga Leilah Assumpção.

A mudança para São Paulo está relacionada ao trabalho em “Galileu, Galilei” ou teria acontecido de qualquer jeito?

“Galileu, Galilei” foi um fato concreto que me chamou para cá. Trabalhei com a Denise Fraga no seriado “A Mulher do Prefeito” e nos adoramos de cara. Ela já tinha o projeto do espetáculo e comentou que pensava em mim para o papel. Faz todo o sentido morar em São Paulo nesse momento. É uma cidade que tem um trabalho de grupo interessante, um teatro de pesquisa muito forte, sem falar nas outras tantas ofertas da vida cultural. O Rio me abraçou muito, as portas se abriram para mim e sou verdadeiramente grato, mas São Paulo tem uma identidade diferente e que me interessa mais nesse momento.

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A Cibele Forjaz é uma verdadeira diretora de grupo. O que mais chamou sua atenção nessa experiência?

Acho que trabalhar com a Cibele pesou para a decisão de mudar de cidade. O processo de “Galileu, Galilei” foi uma coisa sensacional. Dez ou doze horas de ensaios por dia, nem lembrava de que estávamos no Brasil. Parecia que a Cibele estava em Paris, dirigindo um espetáculo do Théâtre du Soleil, tamanha dedicação e detalhamento. Ela também é uma profissional muito generosa, todos nós aparecemos ali como colaboradores da dramaturgia, todo mundo participou de tudo.

Rodrigo Pandolfo e Denise Fraga: "Galileu, Galilei" está no Tuca (Foto: João Caldas)

Rodrigo Pandolfo e Denise Fraga: “Galileu, Galilei” está em cartaz no Tuca (Foto: João Caldas)

Você equilibra teatro, televisão e cinema. Esse investimento na direção faz parte de um projeto de carreira diversificada mesmo? Tem um planejamento racional?

No inicio de carreira, você quer é trabalhar. Então, se virei um “ator versátil” foi porque abracei as oportunidades que surgiram. Eu sempre me preocupei com a qualidade. Podia ser drama, comédia ou musical. Eu queria trabalhar e estar perto de determinadas pessoas. A televisão foi uma consequência da minha estrada no teatro. Hoje, eu sinto que a pergunta que me faço diante de uma proposta de trabalho é outra. Que tipo de ator eu quero ser? Já participei de drama, musical, teatro comercial e experimental, cinema, novela, seriado popular e cabeção, programas de humor, enfim… Fui topando, topando e, de repente, pensei: “opa! Vamos com calma”. Não posso correr o risco de ser visto apenas como um comediante.

+ Onze musicais para aquecer o inverno paulistano.

Na televisão e no cinema, você fez mais comédias mesmo…

Participei de duas novelas das sete, “Cheias de Charme” e “Geração Brasil”, com personagens de pegada cômica. Também atuei em “Tapas e Beijos”, “Junto e Misturado”, “A Mulher do Prefeito”. Nunca houve uma escolha de gênero. Ter feito musical foi valioso e quero voltar a fazer.  Naturalmente, a coisa foi caindo na minha mão e, às vezes, a gente precisa provar na marra que é capaz de fazer de tudo um pouco. Minha transferência para São Paulo é consequência dessas mudanças que pretendo na minha carreira. Eu já percebi que não vou morrer se tomar decisões mais radicais, como mudar de cidade ou de emprego.

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Rodrigo Pandolfo e Simone Gutierrez em "Cheias de Charme": novela da Rede Globo em 2012

Rodrigo Pandolfo e Simone Gutierrez em “Cheias de Charme”: novela da Rede Globo em 2012

Conversei com o Sérgio Britto (1923-2011) um ano antes de sua morte mais ou menos, perguntei sobre novos talentos e ele citou você de cara. “Daqui uns 25 anos, o Pandolfo vai ser o maior ator do Brasil”, disse. Sente alguma responsabilidade a mais por causa disso?

Cara, eu ficou verdadeiramente emocionado ouvindo isso. O Sérgio Britto foi sempre tão bacana comigo. Fomos indicados ao Prêmio Shell no mesmo ano, imagina isso? E ele ganhou, claro (risos). Depois disso, o Sérgio começou a acompanhar meus trabalhos, me chamou para participar de seu programa na televisão. Viu “Cine-Teatro Limite”, “O Despertar da Primavera” e “R&J – Juventude Interrompida”. Quando ele morreu, O Globo me ligou para pegar um depoimento. Ele era uma pessoa devotada ao teatro, só posso ficar muito orgulhoso com esse carinho dele.

+ Claudia Raia ensaia “Raia 30 Anos”.

Você foi reconhecido pela crítica e indicado a prêmios muito cedo. Deu para dar uma confundida na cabeça ou você se safou disso?

Confesso que tive medo no início. Pensei que isso significaria um fardo, algo que servisse de pressão em relação aos meus projetos. Trabalho, acima de tudo, precisa ser divertido. Eu tento controlar essa angústia que sempre envolve a relação entre o ator e o personagem. Não dá para sofrer, enlouquecer.  Então, desde o início, eu procurei encontrar esse lugar para a leveza. Se começar a pesar, eu mesmo dou uns tapas na minha cara.

Rodrigo Pandolfo em "Geração Brasil": personagem cômico (Fotos; Divulgação)

Rodrigo Pandolfo em “Geração Brasil”: personagem cômico em novela (Fotos: Divulgação)

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