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Barbara Heliodora: a crítica virou personagem e garantiu seu lugar na história do teatro brasileiro

Muitos fingiam ignorá-la. A maioria temia suas opiniões sempre contundentes e alguns até respiravam aliviados depois de lê-la ou ouvi-la. O fato é que, durante pelo menos cinco décadas, a crítica de teatro carioca Barbara Heliodora tinha força suficiente para definir um sucesso, alavancar um nome ainda desconhecido ou, no mínimo, fazer um bom público […]

Por VEJA SP
Atualizado em 26 fev 2017, 18h03 - Publicado em 10 abr 2015, 17h23
Barbara Heliodora morreu aos 91 anos no Rio de Janeiro. Foto: Ricardo Moraes/Folhapress

Barbara Heliodora morreu aos 91 anos no Rio de Janeiro. Foto: Ricardo Moraes/Folhapress

Muitos fingiam ignorá-la. A maioria temia suas opiniões sempre contundentes e alguns até respiravam aliviados depois de lê-la ou ouvi-la. O fato é que, durante pelo menos cinco décadas, a crítica de teatro carioca Barbara Heliodora tinha força suficiente para definir um sucesso, alavancar um nome ainda desconhecido ou, no mínimo, fazer um bom público deixar de comprar ingressos para um espetáculo.

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Na manhã da sexta (10), a mais temida crítica do teatro nacional morreu, aos 91 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde estava internada há um mês. Nascida na capital fluminense como Heliodora Carneiro de Mendonça também era ensaísta, professora e tradutora, além de especialista na obra do inglês William Shakespeare (1564-1616). Confirmando uma teoria sustentada pela classe artística, principalmente quando restrições são feitas aos seus trabalhos, Barbara tentou ser atriz e trabalhou, inclusive, em uma montagem de Hamlet, do Teatro do Estudante do Brasil (TEB), em 1948. Logo viu que seu talento era outro. Em meio a tantas peças de teatro, Barbara ainda teve três filhas – de dois casamentos – e deixa quatro netos.

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Estofo ela tinha de sobra para emitir suas polêmicas opiniões. Carregados de adjetivos, alguns um tanto pejorativos, seus textos primavam por uma análise muitas vezes passional, mas sempre ancoradas na experiência de quem estudou, viu e foi testemunha de todas as fases do moderno teatro brasileiro. Em 1958, teve sua iniciação na Tribuna da Imprensa e, logo, se transferiu para a redação do Jornal do Brasil, onde ficou até 1964. Como diretora do Serviço Nacional de Teatro (SNT), entre 1964 e 1967, acumulou indisposições com a classe por estar ligada a um órgão do governo do militar Castelo Branco e, quando a barra pesou de vez, caiu fora.

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Nas duas décadas seguintes, a professora ficou dedicada ao mundo acadêmico lecionando história do teatro até se aposentar, em 1985, no Centro de Letras e Artes da Uni-Rio. É nessa fase que Barbara Heliodora fortalece a “persona” de dama de ferro e volta à imprensa por um curto período na revista Visão e, a seguir, no jornal O Globo, onde ficou até janeiro de 2014. Ao anunciar a aposentadoria, a temida crítica disse que estava cansada de ver “peças horríveis” e queria voltar a ir ao teatro apenas pelo prazer de assistir a um espetáculo.

Cada vez que saía de sua casa, no bairro carioca do Cosme Velho, para ver um espetáculo, Barbara se fazia respeitar tanto quanto os artistas que subiam no palco. Respondia sem meias palavras aos que questionavam suas opiniões. “Se a bilheteria está aberta e cobra ingresso, o crítico tem todo direito de fazer sua avaliação e ninguém pode reclamar”, dizia ela. Nunca alimentou a aura de inacessível. No Rio de Janeiro, podia ser vista sempre nas redondezas dos teatros, já que chegava com bastante antecedência, tomando os sucos naturais que adorava. Durante festivais de teatro, como os de Curitiba ou de Porto Alegre, enfrentava com energia maratonas de diversas sessões diárias quase sempre com bom humor. Com várias nuances, Barbara Heliodora pode ter não tido o talento criador para interpretar papéis clássicos ou escrever peças, mas criou em torno de si uma forte personagem que, merecidamente, garantiu seu lugar na história do teatro brasileiro. 

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