Dirigida por Beth Goulart, Nicette Bruno estrela o monólogo “Perdas e Ganhos”, adaptado da obra de Lya Luft
“Mas a perda do amor levado pela morte é a perda das perdas” A frase acima é uma das mais simbólicas do espetáculo “Perdas e Ganhos”, adaptação do livro homônimo publicado por Lya Luft em 2003. Quem vai interpretá-la é Nicette Bruno. Sob a direção de sua filha do meio, Beth Goulart, a atriz estreia […]
“Mas a perda do amor levado pela morte é a perda das perdas”
A frase acima é uma das mais simbólicas do espetáculo “Perdas e Ganhos”, adaptação do livro homônimo publicado por Lya Luft em 2003. Quem vai interpretá-la é Nicette Bruno. Sob a direção de sua filha do meio, Beth Goulart, a atriz estreia o monólogo em 29 de novembro em Porto Alegre, no Theatro São Pedro. Guiada pela emoção, Nicette propõe reflexões sobre a maturidade e valores familiares, discute as escolhas e repensa a necessidade de abrir mão de algumas coisas para conhecer dias felizes e driblar dificuldades.
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Levar “Perdas e Ganhos” para o teatro é um projeto acalentado por mãe e filha há quatro anos. Entre uma novela e outra, Nicette burilou um pouco mais esse sonho. E também enfrentou obstáculos. A perda, a maior delas, do seu marido, o ator Paulo Goulart, em março, serviu para dar mais sentimento às palavras de Lya transformadas em dramaturgia por Beth. E surge como uma espécie de superação.
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Antes do final do ano, a montagem ainda passa por Curitiba, Campinas e Brasília. Em 9 de janeiro, quando Goulart completaria 82 anos, Nicette entra em cartaz no Teatro do Leblon, no Rio de Janeiro, ficando até 29 de março. Logo na sequencia, São Paulo poderá conferir esse depoimento de Nicette, que, um pouco atriz e um tanto personagem da própria história, homenageará o companheiro de seis décadas.
Confira um trecho inédito da adaptação de Beth Goulart para o livro de Lya Luft.
“Não deveríamos ter de perder nada: nem saúde, nem afetos, nem pessoas amadas. Mas a realidade é outra: experimentamos uma constante alternância de ganhos e perdas. Não há como não sofrer. A dor é importante, também é um aprendizado.
O apoio dos outros, o abraço e o colo são passageiros. A força decisiva terá de vir de nós. Por mais devorador que seja o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer.
Sob o golpe de uma doença grave, ao saber que se pode morrer em breve ou perder a pessoa amada, a gente bate a cabeça contra uma parede alta e fria. Porque até o dia da perda vivemos sem pensar. Corremos desnorteados no tempo sem valorizar o que agora perdemos.
Quem sabe perder nos faça amar melhor isso que só nos será tirado no último instante: a própria vida. Não acredito em poses e posturas. Mas acredito em afetos e tenho consciência de que somos parte de um misterioso ciclo vital que nos confere significação.
A perda da saúde se compensa com lenitivos e melhoras que a medicina traz. Perda de dinheiro ou emprego podem ser remediados. Perda da juventude tem a ver com o quanto somos vazios. Mas a perda do amor levado pela morte é a perda das perdas.”
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