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Bruno Fagundes reencontra o pai em “Tribos”: “tenho consciência de que nunca vou ser como Antonio Fagundes”

Aos 24 anos, o ator Bruno Fagundes fala com firmeza sobre teatro. Mais surpreendente ainda é a sua desenvoltura quando o assunto gira em torno do pai célebre e companheiro de cena mais constante, o ator Antonio Fagundes. Depois de protagonizar o espetáculo Vermelho, a dupla Bruno e Antonio volta a atacar com a comédia […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 00h15 - Publicado em 12 set 2013, 19h39

Bruno Fagundes estreia a comédia “Tribos” no Tuca, em São Paulo (Fotos: Jairo Goldflus)

Aos 24 anos, o ator Bruno Fagundes fala com firmeza sobre teatro. Mais surpreendente ainda é a sua desenvoltura quando o assunto gira em torno do pai célebre e companheiro de cena mais constante, o ator Antonio Fagundes. Depois de protagonizar o espetáculo Vermelho, a dupla Bruno e Antonio volta a atacar com a comédia Tribos, que entra em cartaz no Tuca, em São Paulo. Bruno interpreta um deficiente auditivo em uma permanente luta para se adaptar ao mundo. Nessa conversa franca, o jovem ator fala sobre os primeiros passos de sua carreira, das influências do pai e da mãe, a atriz Mara Carvalho, e também das vantagens e desvantagens de carregar o sobrenome famoso.

Como você descobriu esse texto da inglesa Nina Raine?

Em setembro do ano passado, no intervalo da turnê de Vermelho, passei uma semana em Nova York. Vi seis espetáculos durante a viagem e fiquei completamente arrebatado por esse texto. Ele fala de questões que a gente sabe que existem  e faz vista grossa, fingimos não saber. O meu pai é um viciado em teatro e fez um filho que herdou esse vício. Enxergamos mais uma oportunidade de trabalhar juntos. Ele não resiste muito tempo longe do palco.

Essa vontade de atuar começou cedo mesmo, não?

Foi uma coisa natural. Até por estar envolvido com esse universo por causa dos meus pais. Comecei a estudar teatro aos 13 anos. Aos 16, já estava formado e trabalhando. Sei que estou muito no começo. Hoje em dia está tudo mais difícil do que quando meu pai começou. A geração dele enfrentou outros problemas, como a repressão política. Agora, existe essa vontade de ser famoso e também o fato de os jovens estarem afastados do teatro como espectador. Então eu me sinto nesse espetáculo como se estivesse participando de um teatro de guerrilha.

Você fala isso porque é um dos produtores…

Também. Levantamos a produção de Tribos com 70 000 reais, sem patrocínio, com um grupo de amigos interessado em arte. Eu quero estar fazendo teatro aos 80 anos de idade. Então sei que tenho que ir com calma e consolidar meus passos humildemente. O mercado é que vai selecionar quem fica ou não. Sou obcecado por todos os detalhes que envolvem um espetáculo. Quando fazia peças com meus amigos sempre levantávamos nós mesmos “nossas produções” (risos). Um levava as cadeiras de casa, o outro pegava as roupas dos pais e fazia o figurino.

Essa escolha profissional se tornou mais difícil por você ser filho do Fagundes?

Nunca pensei exatamente nisso. E acho um tanto burra essa comparação. Como eu posso ser comparado com um ator que só de carreira tem o dobro da minha idade? Não dá! Tenho consciência de que nunca vou ser como o Antonio Fagundes. O meu pai é um rolo compressor, domina cada palavra, todo técnico. Durante as sessões de Vermelho, uma ou outra vez, ele se atrapalhou e errou o texto. Eu não acreditava. Ficava pensando que quem tinha perdido a deixa era eu (risos).

Bruno e Antonio Fagundes em “Vermelho” (2012), direção de Jorge Takla (Foto: João Caldas)

Por que você acha que até agora não rolou trabalho na televisão?

Fiz vários testes para a maioria das produções recentes da Rede Globo. Cheguei a passar para etapas seguintes e conversar com alguns diretores. A verdade é que não rolou nada até agora. Por outro lado, é muito bom não estar na televisão, embora saiba que isso é fundamental para um ator no Brasil. Não posso desistir de um projeto como Tribos, que corro atrás há um ano, por causa de uma novela. Eu aprendi a linguagem dos sinais, estudei Libras, procurei uma fonoaudióloga. Interpreto um deficiente auditivo. Quero que o deficiente que for ver a peça entenda o meu texto. Não poderia fazer gestos aleatórios. A gente faz algumas escolhas. No dia em que eu fizer televisão, vou fazer como mais segurança.

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Nunca foi cogitada uma interferência de seu pai na Globo?

Imagina, ele é muito sério. Ainda mais no trabalho. Meu pai tem outro conceito sobre o significado de “ajudar”. Ele quer me mostrar que preciso conquistar as minhas coisas, aprender a trilhar o meu caminho. Não quer ninguém me “ajudando”. Meu pai sempre diz que se ele facilitar demais as coisas para mim, no futuro, eu vou perceber que ele só me prejudicou. Eu sempre admirei a grandeza dele. Não tem nada que faça a gente aprender mais que trabalhar. Sempre ouvi isso.

Qual é a grande vantagem de ser filho do Fagundes?

Sempre tive uma escola dentro de casa. Ele esteve ali perto o tempo inteiro para me dar conselhos, para me explicar alguma coisa sobre a vida ou a profissão.

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E a desvantagem?

Sempre vai existir essa expectativa para que eu faça algo tão grande como as coisas que ele fez e faz. Todo mundo espera muito de mim. E sempre fico respondendo a essas perguntas (ri, irônico). Mas eu já me acostumei… Desde que nasci é assim. Quando meu pai me buscava na escola, ele sempre virava a sensação.

Mas por outro lado essa parceria de vocês alimenta comparações, não?

Da nossa parte não… Em Vermelho, as pessoas viram dois atores nos papéis de um artista consagrado e de um principiante. Sei que era inevitável não pensar nessa relação. Até por era isso mesmo. Em Tribos, existe uma relação de maior proximidade que também não passa batida. Nós vivemos pai e filho. O palco vai ser como a nossa sala de jantar. Mas na hora do trabalho não somos pai e filho.

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Os personagens de vocês têm uma grande dificuldade de comunicação. Existem assuntos que são mais difíceis de serem tratados entre o Bruno e o Antonio?

Não. A gente joga aberto com tudo. A nossa relação é realmente muito boa e de muita honestidade.

O elenco de “Tribos”: Bruno Fagundes, Maíra Dvorek, Eliete Cigaarini, Guilherme Magon, Antonio Fagundes e Arieta Corrêa

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