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Um depoimento de Cassio Scapin sobre Myriam Muniz

Uma das atrizes mais representativas e engajadas do teatro paulistano, Myriam Muniz (1931-2004) voltou à cena graças ao ator Cassio Scapin. Sob a direção de Elias Andreato, o ator apresenta o monólogo Eu Não Dava Praquilo no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. Coautor do texto, em parceria com Cássio Junqueira, Scapin evoca […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 00h55 - Publicado em 11 jul 2013, 17h00

Cassio Scapin protagoniza o monólogo “Eu Não Dava Praquilo” (Foto: João Caldas)

Uma das atrizes mais representativas e engajadas do teatro paulistano, Myriam Muniz (1931-2004) voltou à cena graças ao ator Cassio Scapin. Sob a direção de Elias Andreato, o ator apresenta o monólogo Eu Não Dava Praquilo no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. Coautor do texto, em parceria com Cássio Junqueira, Scapin evoca na montagem a biografia e o espírito de Myriam e nos deu um emocionado depoimento sobre essa grande mulher dos palcos.

Personalidade frágil

“Conheci Myriam em meados dos anos 80. Nunca fomos amigos. Nós nos encontramos eventualmente. Sua turma era a Muriel Matalon, a Vânia Toledo, a Nair Bello. Fiz um curso ministrado por ela na Oficina Cultural Três Rios. Eram seis alunos, entre eles o Celso Frateschi, a Mônica Guimarães, o Paulo Macedo e eu. Confesso que tinha um pouco de medo dela, de seu jeito intimidador. Descobri, mais tarde, que tudo isso não passava de uma defesa por trás de uma personalidade frágil. Era uma pessoa sempre na defensiva, ainda mais com aqueles que não conhecia bem.”

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Atriz essencial

“A Myriam encarava o teatro de um jeito que está em extinção. Não exercia o ofício em nome da sobrevivência. Era uma coisa mais orgânica, mais de essência. A condução do seu pensamento era de acordo com o discurso. Aquela voz de gralha tinha uma razão de ser. A gente precisa do cara que fala o texto com um mínimo de compromisso. Isso ela tinha de sobra. O teatro é uma espécie de antena da sociedade. E está perdendo a essência do humano.”

Um jeito caótico de ser

“Impossível distinguir quem era a pessoa e a atriz. A Myriam era única. Era um ponto de vista muito próprio e não um recurso midiático. Tinha um jeito caótico de trabalhar, de descobrir o personagem, de passar seus conhecimentos. E tinha um jeito caótico de viver. Nunca foi organizada, jamais conquistou uma estabilidade financeira ou comprou uma casa. Morreu pobre, dependendo de favores. O que era dela era de todos, entende? Totalmente desapegada do lado material. Naquele tempo, muita gente famosa não tinha grana alguma. Não se fazia um comercial ou se participava de evento para comprar um apartamento. Tanto que ela foi muito avessa ao sucesso, não lidava bem quando era reconhecida.”

Conversa de ator

“Tenho medo de que a Myriam seja esquecida. São tão poucos os registros que ficaram. O livro Giramundo, organizado pela pesquisadora Maria Thereza Vargas, é formado basicamente por depoimentos. Existe um documentário da Sandra Mantovani. E tem um vídeo gravado no Teatro de Arena já no fim da vida dela. Mas aquilo é muito triste. Ela está sem dentes, toda desarrumada. Esse espetáculo é uma conversa de ator. Queria falar dessa atriz, desse tipo de posicionamento diante da vida e da arte. Represento uma mulher sem artifício algum. Não tem maquiagem ou peruca. É uma calça e uma camiseta preta, um xale e um cigarro, tudo muito simples por opção.”

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Guta Stresser e Myriam no filme “Nina”, dirigido por Heitor Dhalia em 2003 (Foto: Divulgação)

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