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Alexandre Dal Farra expõe o tempo da futilidade no romance “Manual da Destruição”

Caso você ainda não tenha visto Mateus, 10 restam duas oportunidades nesta quarta (5) e quinta (6) no Centro Internacional de Teatro Ecum, ali na Consolação. Radical como poucos na encenação e nas interpretações, o espetáculo surpreende, entre tantas coisas, pelo excesso de naturalismo ao apresentar as situações que envolvem um pastor em crise emocional. […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 10h36 - Publicado em 4 jun 2013, 17h30

O dramaturgo autografa obra de estreia na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Foto: Divulgação)

Caso você ainda não tenha visto Mateus, 10 restam duas oportunidades nesta quarta (5) e quinta (6) no Centro Internacional de Teatro Ecum, ali na Consolação. Radical como poucos na encenação e nas interpretações, o espetáculo surpreende, entre tantas coisas, pelo excesso de naturalismo ao apresentar as situações que envolvem um pastor em crise emocional. Ali, culto é culto, briga é briga e churrasco é churrasco. O resultado rendeu o Prêmio Shell de melhor texto desse ano ao dramaturgo paulistano Alexandre Dal Farra. E se no teatro, esse dito trabalho coletivo, o autor deixa uma assinatura tão evidente, o que se esperaria dele na literatura, o território solitário, onde se pode tudo? Exatamente o que Alexandre Dal Farra entrega em seu romance de estreia, Manual da Destruição (Editora Hedra, 192 páginas, R$ 35,00), que ganha sessão de autógrafos nesta quinta (6), às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Um livro diferente, muito diferente.

Tá todo mundo louco! Principalmente o protagonista, um cara em surto, obrigado a lidar com uma série de chatices do mundo contemporâneo. Enquanto os carneirinhos seguem a trilha do caos, ele sofre, grita, vomita, morre a cada dia e tenta ressuscitar no seguinte. E você acompanha, com um riso amargo e se considerando mais um. Dos carneirinhos, claro. Muito se lê nas resenhas por aí que tal livro apresenta uma narrativa frenética. Talvez não tanto quanto esse. As quebras de parágrafos são raras, as letras maiúsculas inexistentes e o discurso não para. Possesso, o personagem se revolta com a aula de violão que precisa dar na periferia para ganhar uma grana, sente nojo da trilha sonora de um comercial de um produto de beleza que lhe cabe musicar e tem vontade de bater – literalmente – em cada um que vocifera alguma bobagem na esquina.

O mesmo naturalismo empregado em Mateus, 10 aparece da primeira até a última linha desse Manual da Destruição. Se todo mundo adoraria falar o que quer, o cara nem questiona. Tem direito conquistado. E o ouvido do leitor vira o confessionário do personagem. Ele não respira, ele não alivia, ele não poupa a Fernanda Montenegro e tampouco o Chico Buarque. Como muita gente que a gente conhece e que olhamos, estranhamos em um primeiro momento, mas logo já achamos normal. Alexandre Dal Farra sabe que isso não devia ser considerado normal. Por isso, fez literatura e registra esse tempo generalizado da futilidade e da frescura em que vivemos. Alinhava psicologia e sociedade. E consegue traçar um retrato ainda por cima bem-humorado de um sujeito incomodado com todas essas coisas que nos são impostas goela abaixo. Nesse livro, louco é louco. E não precisa camuflar. De quebra, tem quase pronta uma peça de teatro. O romance do caos pode ir para o palco. Desde que tenha um ator de fôlego, muito fôlego.

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