Repórter 24 horas na Virada Cultural
19h37: Missão concluída com sucesso. Passei 24 horas sem descanso na Virada. Vou chamar meu táxi e zzzzzzzzzzz 19h36: Acaba o show de Caetano Veloso. 19h34: Caetano afirma: “só quero dizer uma coisa para quem fica dizendo ´Israel não´. Eu sou a pessoa que mais diz ´Palestina sim´. Israel não é empobrecedor.” Isso foi entre […]
19h37: Missão concluída com sucesso. Passei 24 horas sem descanso na Virada. Vou chamar meu táxi e zzzzzzzzzzz
19h36: Acaba o show de Caetano Veloso.
19h34: Caetano afirma: “só quero dizer uma coisa para quem fica dizendo ´Israel não´. Eu sou a pessoa que mais diz ´Palestina sim´. Israel não é empobrecedor.” Isso foi entre as músicas Sampa e Sozinho.
19h10: Caetano Veloso faz apresentação lotada na Júlio Prestes. Ele disse que esse é o último da turnê do disco Abraçaço. O repertório que ele apresentou é idêntico ao das últimas exibições em São Paulo.
19h: Muita gente na Praça Júlio Prestes e fiquei mais de uma hora sem sinal de celular. Quem sai de lá, não pode voltar. Um sufoco, tive que andar muito para conseguir sinal, estou quase na Cracolândia.
16h50: Paradinha rápida no Palco Rio Branco para me divertir com os riffs do Robertinho do Recife, que está de volta ao heavy metal. Neste instante, ele toca um medley de música de Ozzy e Judas Priest. E tem uma pessoa fantasiada de robô nos teclados. Impagável.
15h10 (domingo): Antepenúltima atração do Municipal, Fafá de Belém foi supercaxias com o repertório de Tamba-Tajá, disco de estreia que apresentou na íntegra, com formação quase toda acústica (como no álbum), respeitando os arranjos e explicando cada faixa. É isso que se espera de quem ocupa o espaço mais nobre da Virada. Alguma músicas do show, Fafá não cantava há 39 anos. E só precisou repetir uma: Ca-Já, presente de Caetano para então menina desconhecida de 19 anos. O desfecho foi empolgante com o carimbó Esse Rio É Minha Rua. No bis, ela agradeceu ao prefeito Fernando Haddad pela oportunidade: “Aquele gato. Sem conotação política, mas ele é um gato.”
15h (domingo): Já indo para o final da Virada, destacaria o impressionante policiamento na noite de sábado. Era impossível não se sentir seguro em todas as ruas do centro. Tinha todo tipo de polícia, só não vi a cavalaria. Assim que amanheceu, boa parte da polícia sumiu do meu radar. Isso não foi bacana. Um grande vacilo foi não terem interditado mais ruas. Toda hora tinha carro passando em rotas que deveriam ter os pedestres como prioridade durante a Virada. A programação está com a qualidade longe dos anos anteriores. Quase não tivemos artistas estrangeiros na grade. Mas quem se apresentou fez o papel digno – o meu roteiro foi privilegiado com bons shows. Destaques para Fafá de Belém, Di Melo, Curumin e Sonido Gallo Negro, a revelação vinda do México. Sinto que o show de Caetano (18h, na Julio Prestes) completará meu top 5.
14h15 (domingo): Tive de parar para recarregar o celular. Desde ontem, a bateria já acabou duas vezes. Levei uma bateria extra comigo e ela também já se esgotou duas vezes.
14h (domingo): Minha primeira pescada foi agora no fim da Fafá de Belém, no Teatro Municipal. Durante esse tempo, estou no ar desde as 19h de ontem, o zíper da minha calça arriou, me tacaram um ovo de codorna no show do Curumin, na Barão de Limeira, e eu só fiz uma refeição. E andei 30 quilômetros. Até que cheguei bem, viu? Estou surpreso com minha vocação para a guerrilha.
11h30 (domingo): Três andares do Municipal já estão cheios para assistir a Fafá de Belém executar seu primeiro LP, o mítico Tamba-Tajá. Começa em dez minutos esse que é um dos shows mais aguardados da Virada. Carimbós e baladas com gosto de Pará.
10h40 (domingo): Erasmo Carlos é figurinha carimbada na Virada Cultural. Já fez até participação em show do Clube do Balanço em priscas eras. Neste domingo, apresentando-se no palco São João, ele fez questão de elogiar o evento. “Essa é a maior manifestação artística da América Latina. Não conheço nada parecido com a Virada”, exagerou. Para agradar ao público e se agradar também, montou um show híbrido, alternando hits com músicas de seus três discos mais recentes. Justo. Para cada Gatinha Manhosa, manda uma Jogo Sujo. A numerosa plateia está aprovando.
09h50 (domingo): Curumin está fazendo um showzão no palco Barão de Limeira. O cantor e baterista alterna músicas de seus três discos com trechos de hits de Trio Mocotó e Céu, entre outros. Ná Ozzetti saiu do camarim e foi dar uma espiada no fosso da imprensa. Ela é a próxima atração do palco.
08h30 (domingo): Em instantes, um bom embate: Curumin tocando para moderninhos no palco Barão de Limeira e Ludmilla, a sensação do funk carioca, mandando seus hits no Arouche. Ambos os shows estão previstos para começar às 9h.
+ Acompanhe a cobertura ao vivo da Virada Cultural
07h50 (domingo): A Virada amanheceu com o Língua de Trapo tocando todas as músicas do álbum Como É Bom Ser Punk no Municipal. O disco completa 30 anos em 2015, o que levou o grupo a atualizar algumas piadas (Bolsonaro e a ida da Xuxa para a Record entraram no roteiro). Apesar da empolgação dos presentes na hora de Os Metaleiros Também Amam, houve quem aproveitasse o conforto do teatro para um cochilo. O show terminou às 7h30.
05h29 (domingo): Sidney Magal já cantou Tudo com Você, sucesso de Lulu Santos, mas segue devendo os próprios hits. Devo perdê-los, pois do Arouche ao Municipal é uma caminhadinha. Às 6h tem Língua de Trapo no teatro.
04h42 (domingo): Não é a primeira vez que Di Melo fica com o ingrato horário das 4h para se apresentar na Virada. Mas o veterano está dando conta, escudado por um competente sexteto. Acaba de tocar a ótima Se o Mundo Acabasse em Mel, com arranjo ligeiramente diferente que o registrado em seu clássico álbum dos anos 70. Samba, soul e funk finíssimos no Anhangabaú.
04h02 (domingo): Atrasos e mudanças de artistas são os piores inimigos da Virada. Acabo de caminhar 4 quilômetros para descobrir que o artista que eu queria ver tinha mudado de horário com outra atração. Infelizmente, a Virada 2015 está campeã nisso. Ainda bem que agora tem o samba-rock da lenda Di Melo no Anhangabaú para dar uma sacudida.
02h25 (domingo): Curioso como a banda gaúcha Cachorro Grande ainda mobiliza um grande número de fãs em São Paulo. O rock pode estar me baixa, mas Beto Bruno e seus comparsas fazem show bastante digno para uma multidão no palco Rio Branco nesta madrugada fria.
01h43 (domingo): Apelidado de “palco latino”, o palco Cásper Líbero acaba de ser invadido por uma trupe argentina que, na verdade, parece ter vindo do Leste Europeu. A música cigana da Babel Orkesta é de difícil classificação, mas o certo é que empolga. Quem estiver com preguiça do frio pode deixar a visitar o palco amanhã, às 16h, quando estará em ação a boa rapper chilena Ana Tijoux.
00h58 (domingo): Lenine está exigindo da paciência da plateia no palco Júlio Prestes. Após 40 minutos de atraso, começou o show com várias músicas do disco novo, que pouca gente ouviu. Mas o principal problema é que toda a plateia da Virada parece esta concentrada neste palco. Em outros pontos do evento, falta audiência. Na Júlio Prestes, está desagradável de cheio.
23h30 (sábado): Como previsto, o show do Sonido Gallo Negro no palco Casper Líbero é um sucesso. Cumbia psicodélica de altíssima qualidade. Sete mexicanos em cima do palco sacolejando sem parar. Público predominantemente hipster, quase ninguém com mais de 30 anos.
22h50 (sábado): Para quem gosta de descobrir bandas novas e que incendeiam a pista, a pedida é chegar no palco Casper Líbero às 23h. O show é da Sonido Gallo Negro, banda mexicana que aposta na cumbia. Hora de dançar!
22h30 (sábado): Odair José, um dos artistas mais populares (e, ao mesmo tempo, cults) da programação, toca neste momento no palco Rio Branco para um público que caberia na Choperia do Sesc Pompeia. Que desperdício… Será que o paulistano sabe que está rolando Virada Cultural?
21h50 (sábado): Temperatura média nos termômetros do Centro: 17 graus. Não é nenhuma Virada Glacial, mas venha agasalhado. Em poucos minutos, Odair José mostra seu lado roqueiro no palco Rio Branco (22h).
20h50 (sábado) – Virada Cultural é comigo mesmo. Bati cartão em quase todas e nunca vi os palcos do centro tão vazios como nesta 11ª edição. Divulgar a programação apenas oito dias antes do evento não foi uma boa ideia… Nas minhas primeiras horas, já conferi o paraguaio Fabio “Stella” mandar seus poucos hits no Largo do Arouche e agora curto o vocal sempre desafinado (mas charmoso) de Carlos Dafé no Vale do Anhangabaú. Espero que apareça mais gente. A Virada é do povo. Está frio, mas os shows são quentes.
José Flávio Júnior, de 37 anos, é jornalista, crítico musical e já cobriu diversos festivais, como Rock In Rio, Coachella (EUA), Reading e V (ambos na Inglaterra), além de várias edições da Virada Cultural. Mas nunca por 24 horas!
Desta vez, ele pretende percorrer as ruas do centro e assistir a dezenas de apresentações sem descanso entre o sábado (20) e o domingo (21).
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