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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Não existe “dar um tempo” no relacionamento

Quando um casal que não está bem opta por se afastar para salvar o relacionamento, comete um equívoco

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 4 mar 2017, 16h47 - Publicado em 11 nov 2016, 14h24

Vou aqui na contramão do que dizem o senso comum e mesmo alguns articulistas. Quando um casal que não está bem opta por se afastar para salvar o relacionamento, comete um equívoco.

A razão imediata porque alguém pede um tempo ao parceiro é porque ao menos quem pediu o tempo não está satisfeito com o vínculo. Na maioria das vezes, ambos estão insatisfeitos.

Se apenas um está insatisfeito a ponto de querer se afastar é porque (já) não gosta do outro. Nesse caso, o encaminhamento correto é terminar o vínculo. Simples assim, por mais difícil que seja dizer isso a alguém. Pedir um tempo nesse cenário é como quando os pais dizem para a criança que “na volta a gente compra”, já sabendo que isso não vai acontecer. Não é honesto e só fará quebrar a confiança e amplificar a mágoa.

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Quando ambos estão insatisfeitos, há apenas dois caminhos possíveis para a resolução: mudar juntos o que for preciso ou terminar. Conversar e mudar dá trabalho. Expor ao outro o que incomoda gera tensão por despertar sentimentos nos dois, mas é o único caminho para a superação das dificuldades.

O namoro (casamento etc) envolve duas pessoas autônomas compartilhando uma relação, ou seja, mesmo mantendo a autonomia de cada um, há uma unidade que é o casal. Quando um casal dá um tempo, perde-se a unidade. A dissolução da unidade significa que o vínculo terminou.

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Se pudéssemos passar as frases típicas de quando se pede um tempo por uma máquina “sincerizante”, descobriríamos que:

1. “Preciso de um tempo para entender se é isso mesmo que eu quero pra mim” significa “Vou ali ver se eu consigo pegar alguém mais legal que você e, se não rolar e se eu não tiver nada interessante pra fazer, se pá eu até volto...”

2. “Acho que esse tempo será bom pra nós dois” significa “Não tenho coragem de dizer que não quero mais estar com você. Então vou sair de fininho”.

O verbo “voltar”

Dar um tempo só faria sentido se não houvesse dúvidas em relação à continuidade do vínculo. As férias, por exemplo, significam dar um tempo do trabalho, porque você sabe o dia e a hora quando retomará seu posto. Quer dizer, o vínculo não se rompeu.

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Alguém pode alertar para o fato de que “muitos casais voltam depois de dar um tempo”. O que acontece é que não atentamos para o verbo “voltar”. Isso quer dizer que houve de fato um rompimento e que o casal poderia voltar ou não. Quando há um rompimento, está cada um por si. Você pode pedir um tempo e, depois de semanas ou meses, decidir que quer voltar. O ponto é que você não sabe o que encontrará na outra pessoa. Poderá ter sido tarde e o outro pode não querer mais nada com você.

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A questão central é que não há diferença entre terminar e dar um tempo a não ser o eufemismo da expressão que suaviza artificialmente o impacto da decisão tomada.

Não é possível resolver sozinho o que diz respeito a duas pessoas. O que você resolve sozinho só resolve sua questão, nunca a questão da relação. O caminho adequado para quem quer que o relacionamento dê certo continua sendo o diálogo. Dá trabalho… Mas é o que garante a autenticidade do vínculo.

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