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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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O sucesso do método de arrumação da japonesa Marie Kondo

E alguns contrapontos à prática

Por Arnaldo Cheixas
Atualizado em 5 jun 2017, 19h41 - Publicado em 5 jun 2017, 14h05

A Mágica da Arrumação, best seller internacional da japonesa Marie Kondo, já vendeu milhões de exemplares no mundo todo desde seu lançamento em 2011. No livro, KonMarie (como a autora é conhecida), de 31 anos, explica o método de organização pessoal que ela desenvolveu ao longo dos anos desde sua infância. Mas o que sua proposta tem de especial para que tanta gente compre seu livro ou contrate seus serviços de consultoria?

 

Kondo constrói todo o seu método de organização pessoal baseado em apenas um princípio norteador, o de que se deve descartar tudo aquilo que não traz felicidade para si. Todo o resto decorre desse princípio fundamental e a novidade reside justamente nisso. Para a autora, o sentido da arrumação é a promoção de uma vida feliz. Ela defende que, ao organizar a casa, a pessoa transformará sua própria vida, pois organizar o espaço por esse método estimula o autoconhecimento e a capacidade de as pessoas tomarem decisão por si mesmas. 

Sobre isso cabe um contraponto mas, por hora, vejamos como o método KonMarie funciona. O vídeo a seguir explica de forma clara e resumida o método apresentado no livro:

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A autora propõe que, antes de qualquer movimento de organização propriamente dito, é essencial que a pessoa faça um exercício imaginativo de como ela quer que sua casa funcione. Esse exercício, segundo ela, fornece o contorno racional de como acontecerá o processo de organização além de ser uma atividade promotora do autoconhecimento.

Depois dessa primeira vivência, todas as dicas que ela dá servem para sustentar as principais atividades durante a arrumação: descartar o que não traz felicidade e organizar o que traz. Para isso ela orienta seus clientes a pegar objeto por objeto e se perguntar: “Este objeto me traz felicidade?”.

Se a resposta não for um “sim” imediato e convicto, aquele objeto deve ser imediatamente descartado. Aquilo que resta ao final de tudo deve ser organizado de uma só vez, pois Kondo defende que querer arrumar as coisas aos poucos é uma grande armadilha que mata a motivação das pessoas para continuarem a prática uma vez que os resultados satisfatórios acabariam por demorar muito a aparecer.

A autora conseguiu propor um método realmente novo de arrumação porque não partiu do trivial (técnicas de aproveitamento de espaço para fazer caber tudo o que uma pessoa tem)… Teve sensibilidade para constatar que não vale a pena guardar coisas que não serão usadas.

A despeito dos acumuladores patológicos, realmente tendemos a guardar coisas que dificilmente usaremos (novamente) ao longo da vida. Um ambiente desorganizado pode ser indicativo de uma mente desorganizada. Vencer essa barreira e tornar funcional o ambiente no qual se vive é realmente um modo de arejar a consciência  e tornar a vida mais leve e plena.

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Contrapontos

Preocupar-se excessivamente com a organização também pode ser um indicativo de rigidez e atrapalhar a vida das pessoas que o fazem. A própria escritora confidencia nas últimas páginas: “Minha dificuldade de me relacionar e criar vínculos fez com que eu me apegasse exageradamente às coisas.” No fim das contas ela pôde direcionar este apego às coisas para algo que pode ajudar as pessoas e de onde ela pode mesmo tirar seu sustento.

Outro contraponto é a possibilidade de que um ambiente organizado se torne tão previsível que acabe por bloquear a criatividade. Quem gosta de exercitar sua criatividade talvez não faça questão de ter um ambiente organizado… Talvez nem mesmo queira tê-lo.

O bom é que KonMari faz essa ressalva. Ninguém deve se sentir na obrigação de arrumar seu espaço a partir do método que ela propõe e nem mesmo de arrumar seu espaço seja lá com qual método for. A arrumação do espaço para além do mínimo é uma escolha pessoal.

Este cuidado da autora é importante porque inclusive a libera de ter de apresentar soluções universais, que se apliquem a todas as pessoas. Ela fala para aqueles que querem neste momento arrumar suas casas (e talvez suas vidas). E, nesse sentido, adotar a satisfação pessoal com o objeto como critério para decidir se ele deve ou não ser descartado é uma estratégia simples, funcional e ao mesmo tempo inovadora.

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