Virginia de Medeiros – Studio Butterfly e Outras Fábulas
Resenha por Laura Ming
Oferecer um tratamento livre de preconceitos a personagens marginais é a missão da baiana Virginia de Medeiros. Studio Butterfly e Outras Fábulas apresenta fotos e quatro vídeos em que os protagonistas são cafetinas e travestis. O resultado mostra-se bastante delicado e surpreendente. Na sala que reproduz o estúdio cor-de-rosa montado pela artista em Salvador a fim de fazer os ensaios fotográficos, estão álbuns de família dos retratados. Há, por exemplo, registros do primeiro dia de aula e de uma festa de Natal — imagens que poderiam fazer parte das memórias de qualquer um. A intimidade do trabalho aparece em vídeos projetados na parede e exibidos na TV: sentadas na “cadeira do afeto”, essas pessoas relatam suas histórias. Um dos filmes mostra Marinalva, casteleira (cafetina de bordéis onde as prostitutas moram) que se orgulhava de manter um ambiente de respeito em seu estabelecimento (drogas não eram permitidas). Essa mulher ganhou fama ao inspirar personagens dos livros de Jorge Amado (1912-2001). Seu “castelo” fechou as portas em junho deste ano, mas a trajetória de vida de Marinalva havia sido registrada por Virginia dois meses antes. “Tenho interesse pela diversidade humana. Quando rompemos as fronteiras da exclusão, conseguimos ver como somos todos parecidos”, diz a artista. Até 29/11/2014.