O Novíssimo Testamento
- Direção: Jaco van Dormael
- Duração: 113 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Bélgica/França/Luxemburgo
- Ano: 2015
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Esteticamente, o cinema do belga Jaco van Dormael se assemelha ao do francês Jean-Pierre Jeunet (Amélie Poulain). O Novíssimo Testamento, que estava na corrida ao Oscar 2016 para melhor filme estrangeiro, confirma o talento de Van Dormael de narrar histórias excêntricas em visual por vezes deslumbrante. Vale o aviso: o diretor de O Oitavo Dia (1996), embora esteja no terreno da comédia, pega pesado com a imagem de Deus. O todo-poderoso (interpretado por Benoît Poelvoorde) mora na Bélgica, fuma, enche a cara, passa o tempo de roupão e brincando (no mau sentido) com o destino das pessoas em seu computador. A mulher dele (Yolande Moreau) pouco abre a boca, o filho JC (ou Jesus Cristo) virou uma estátua e a filha de 10 anos, Ea (Pili Groyne), sempre espezinhada pelo pai, não se conforma com sua última maldade: Deus mandou uma mensagem pelo celular para todos os habitantes da Terra informando… a data da morte deles (!). A menina, então, foge de casa, para arranjar seis apóstolos e, assim, reescrever a Bíblia. Um ponto de partida bastante original se encaminha para situações ainda mais polêmicas. Entre as pessoas reunidas por Ea estão um matador de aluguel, um tarado e uma esposa (Catherine Deneuve) que trai o marido na companhia de… um gorila (!). Com seu humor nonsense, o provocador Van Dormael, declarado ateu, faz rir com elegância e, tomara Deus, sem ofender a fé da plateia. Estreou em 21/1/2016.