Mona Hatoum
Resenha por Laura Ming
Uma das artistas contemporâneas mais importantes do Líbano, Mona Hatoum apresenta trinta trabalhos na Estação Pinacoteca que compõem um panorama de sua carreira desde os anos 80 até os dias de hoje. Cinco obras desse conjunto foram feitas especialmente para a exposição, fruto de uma temporada de cinco semanas em São Paulo. O resultado é que a cidade está presente em diversas peças, a exemplo de Janela. Na projeção, imagens captadas ao vivo por uma câmera no Largo General Osório são exibidas em uma parede. Entre os destaques de seu início de trajetória está Roadworks (1985), vídeo em que ela caminha pelas ruas, descalça, arrastando botas militares. Extremamente simples e comovente. Em outra sala, uma luminária giratória joga luz ao seu redor. Lembraria uma mera discoteca, não fossem as projeções em forma de soldados. Paravent, de 2008, segue a mesma lógica: um objeto de decoração, o biombo, é feito com as lâminas cortantes de um ralador. “Apesar dos temas espinhosos de que trata, Mona não deixa a estética visual de lado”, diz a coordenadora de curadoria Natasha Barzaghi Geenen. Talvez este seja o maior mérito da artista: produzir trabalhos que discutem guerra, opressão e morte sem ser panfletária e enchê-los de poesia. De 6/12/2014. Até 1º/3/2015.