A Voz que Resta
- Direção: Vadim Nikitin
- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Ator de recursos, Gustavo Machado transita por dramas e comédias, montagens de apelo popular e produções alternativas. No monólogo A Voz que Resta, escrito e dirigido por Vadim Nikitin, o intérprete tira proveito dessa versatilidade e imprime identidade em um papel delicado, muito fácil de cair no lugar-comum, graças à segurança de palco. Paulo é um jornalista e escritor dominado pela frustração naquele que talvez seja seu último combate. Abandonado pela amante, ele grava uma fita cassete, depois de uma bebedeira, que servirá de testamento sobre seus fracassos pessoais e sentimentais. Para o personagem, tudo chegou ao fim, não há chance de reinvenção. Machado apresenta uma composição vigorosa na dose certa, coisa rara em monólogos. O ator grita, chora, chuta os objetos de cena quando as palavras exigem e, principalmente, emociona a plateia ao falar baixo e entonar as lamúrias do personagem. Dessa forma, o protagonista valoriza um texto de grande sensibilidade, mas praticamente sem nuances nem surpresas, e evita o resultado monocórdio. Estreou em 30/6/2017.